Atelier Heráldico
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Brasão da Bélgica.
Note a presença da pele de arminho na parte interna do manto que encobre o escudo a os adornos.

artindo do princípio que as peles sempre foram consideradas na antigüidade também como adorno, além de servir de vestimenta para se usar no frio, não é de se admirar que elas também fizeram parte da heráldica, servindo como adorno para a forração artística de brasões.

Observamos o seu maior uso nas forrações internas dos mantos reais que encobrem os brasões.

Mas, como é que estas peles foram incorporadas à heráldica? Porque se optou por usá-las ? Existem duas explicações: uma tradicional e outro por suposição.

Na resposta TRADICIONAL, que é baseada principalmente em alguma característica peculiar de certo tipo de animal, que lembra traços de caráter humanos. Podemos observar que a imensa maioria dos brasões de nobreza adotam capas de animais roedores chamados de ARMINHO. Estes roedores são conhecidos principalmente por sua pele branca como a neve, e uma ponta preta em seu rabo. Diz a lenda que o arminho é um animal tão limpo que se for encurralado em algum lugar em que sua única saída seria por um lugar que sujaria sua pele branca, que então ele preferia se matar. Esta característica foi adotada como sendo a pessoa que prefere morrer a sujar seu nome e sua nobreza.

Na reposta por SUPOSIÇÃO há um fator lógico, que é o financeiro: As peles mais caras são as peles de animais pequenos, pela qualidade da textura, pela espessura, e pela beleza. É necessário mais mão-de-obra (e especializada) para coser uma vestimenta completa a partir de vários animais pequenos. Quem tinha mais pagava por vestimentas de peles mais caras para, em muitos casos, apenas ostentar posição na sociedade. Quem tinha pouco se contenta com peles de menor qualidade e de fácil obtenção (veado, urso, etc) se contentando apenas por conseguir o aquecimento no frio. Por trás destas "camufladas" regras sociológicas de consumo já existentes na antigüidade, as peles inevitavelmente teriam que passar a ser considerada um adorno para a identificação heráldica para determinada classe social da sua sociedade. Esta classe não era a dos pobres .... Esta então pode ser a explicação para o fato de que capas com essas peles são permitidas serem desenhadas apenas em brasões de nobreza, e não em brasões familiares.


Arminho

Não é de se estranhar que as peles mais usadas na arte heráldica são as de Arminho, um roedor semelhante à doninha e de pele alva como à da neve, e a do Esquilo da Sibéria, lindos, e ambos das regiões frias e geladas.

Se aqui no Brasil algum antigo nobre coseu seu brasão com estas peles foi somente por manter a estética tradicional da heráldica européia. Se quisesse ser brasileiro nato no cozimento do seu brasão, este nobre deveria usar as qualidades visuais dos animais da nossa terra. Por sermos um país tropical, quente e úmido na maioria do território, o lógico seria usar nossas representações zoológicas e climáticas. Porém, a heráldica brasileira sobreviveu por pouco tempo (67 anos) e nem teve chance de se afirmar, quanto mais criar suas próprias regras baseadas na cultura subtropical.

Na heráldica as peles são divididas tradicionalmente em duas: as de ARMINHO, e as de VEIRO, cada qual com suas características e propriedades. Clique no nome da pele da qual você quer saber mais detalhes .


Esquilo da Sibéria

 

s ARMINHOS são a primeira das peles heráldicas e simbolizam as capas feitas de peles de pequenos animais, da classe dos roedores, semelhantes à doninha, de pelagem branca, tendo em espaços regulares a mancha negra das patas e caudas, representadas por uma peça estilizada, denominada mosqueta, que por vezes surge isolada ou individualizada.

Normalmente, os arminhos são formados por um fundo de prata semeado de mosquetas de negro; quando assim não for, deverá indicar-se o esmalte do fundo e das mosquetas, bem como o número e posição destas.

Assim, poderemos ter, por exemplo, estes dois casos:

De prata, com três mosquetas
de negro colocadas 2 e 1.
De ouro, com três mosquetas
de vermelho colocadas 2 e 1.

Os quatro tipos básicos de descrições heráldicas para peles de arminhos são:

Arminho Contra-arminho
Arminho d'ouro Arminho contra-d'ouro

Por regra as peles podem ser sobrepostas tanto a metais como a cores,
mas elas mesmas não podem se sobrepor.

 

s VEIROS, a segunda das peles heráldicas, são uma representação ainda mais estilizada de mantos de pele de pequenos roedores, particularmente esquilos da Sibéria, de pelagem azulada nas costas e branca no ventre, o que originou o particular desenho dos veiros, constituído por tiras horizontais compostas por pequenos pontos ou peças de azul, com uma forma semelhante a uma campânula (vaso de vidro ou metal em formato de sino), e que alternam com pontos idênticos, mas de prata e invertidos. Os pontos de cor têm a base para baixo, enquanto os pontos de metal têm a base para cima.

O campo de veiros pleno é normalmente formado por cinco tiras horizontais, das quais a 1ª, a 3ª e a 5ª têm cinco pontos de azul, e a 2ª e a 4ª quatro pontos de azul e dois meios pontos nas extremidades.

Quando os pontos são de outros esmaltes que não azul e prata, o campo diz-se veirado e é necessário referir os seus esmaltes, como no exemplo ao lado, "veirado de ouro e vermelho". Note-se que o veirado deverá ser sempre de um metal e uma cor, não podendo ser formado por dois metais nem por duas cores.

Quando as peças estão colocadas costas com costas, diz-se que se trata de contra-veiros.

As peles podem ser sobrepostas tanto a metais como a cores.

 

São as seguintes a configurações heráldicas das peles de veiros:

Veiro

Contra-veiro

veiro em pala

Veiro em ponta

Veiro
em potenteia

Contra-veiro
de pontenteia

Veiro em pala
de pontenteia

Veiro em ponta
de pontenteia

Veiro em onda

Contra-veiro
em onda

Veiro em pala
em onda

Veiro em ponta
em onda