Atelier Heráldico

Inventando Brasões Familiares

Brasão de Armas de
Manuel Luis Osório,
Marechal de Exército e Marquês do Erval.

 

 

data de 10 de Maio é comemorada como a data da Arma da Cavalaria do Exército Brasileiro. Esta é a data do nscimento de seu patrono, Manuel Luis Osório, Marechal de Exército e também Marquês do Erval.

Em vida Osório recebeu muitas condecorações militares e religiosas, e também títulos de cavalaria e de nobreza.

Ele recebeu um título que nobreza, elevado em três categorias com o passar dos anos:

  • Barão do Erval - em 1866
  • Visconde com Grandeza do Erval - em 1868
  • Marquês do Erval - em 1870

As medalhas e condecorações que recebeu em vida são:

  • Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul - Grau Grão-Cruz;
  • Imperial Ordem de Cristo - Grau Grão-Cruz;
  • Imperial Ordem da Rosa - Grau Comendador;
  • Ordem de Avis - Grau Comendador;
  • Medalha da Campanha do Uruguay, também conhecida como Medalha de Payssandú, grau oficial (de ouro), e que, por ser deste grau, em trajes de gala poderia ser atada ao pescoço como se fosse uma Comenda;
  • Medalha do Mérito à Bravura Militar, também conhecida simplesmente como Medalha do Mérito Militar, grau oficial (de ouro);
  • Medalha Geral do Paraguay, grau oficial (de ouro), com passador de ouro de quatro anos;
  • Medalha da Campanha do Uruguay e Buenos Aires, também conhecida como Medalha de Monte Caseros, grau oficial (de ouro).

Carta de Armas com o Brasão de Armas

A carta de Armas do brasão de armas do Marquês do Erval foi expedida em 11 de Outubro de 1870. Reproduzimos na íntegra o texto com a grafia da sua época, com suas formas peculiares de se escrever, até mesmo com os erros gráficos.

O modelo corresponde a uma característica peculiar da heráldica na sua época. A pessoa que era nobilitada, mas que não era descendente de nobre, era chamado de "novo nobre", e por esta razão não tinha o direito de ostentar o elmo sobre o escudo. Neste caso, só tinha o coronel heráldico e os paquifes, que tinham que ser coloridos com as as cores e metais que haviam no escudo. No entanto, nem sempre esta regra heráldica era aplicada a todos os brasões que foram desenhados na época, porém, quando a heráldica estava começando a estabelecer e a padronizar suas regras, enfim surge a República, e tudo referente à nobiliarquia foi abolido e proibido.

 

 


Foto da época, com a placa da Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul, o grau mais alto da mais importante Ordem Nacional.


Quadro dos anos 90

DOM PEDRO por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil: Faço saber aos que esta Minha Carta de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia virem, que Atendendo ao que lhe representou Manuel Luís Osorio, Marquês do Erval por Decreto de vinte e nove de Dezembro de mil oitocentos e sessenta e nove, Tenente General, ex-Comandante do primeiro Corpo do Exército em operações na campanha do Paraguai, Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro, e da de Cristo, Comendador das Ordens de S. Bento de Avis e da Rosa, Condecorado com as Medalhas de ouro da Batalha de Monte Caseros, de Paissandu e a de Mérito, que desejando guardar a memória de seus honrosos Títulos, vinha pedir Me que lhe Concedesse o uso de um Brasão do Armas, cujo modelo Me apresentou, iluminado com cores e metais, e, Anuindo Eu a sua petição, Hei por bem Outorgar-lhe o uso das mencionadas Armas e Mando ao Meu Principal Rei de Armas, segundo o sobredito modelo, ficando lançados no Livro de Registro delas, para serem transmitidas aos seus vindouros, quando o requererem e lhes for por Min novamente concedidas e são, a saber: Em campo de Goles um Leopardo de prata, arremessando-se, tendo na garra dextra uma espada de ouro. Chefe de azul com três estrelas de ouro. Coroa de Marquês; Paquife das cores e metais do escudo. O qual Escudo e Armas poderá trazer tão somente o dito Marquês do Erval, e delas poderá usar, gozar em tudo e por tudo, quer em tempo de paz, quer em tempo de guerra, e bem assim as poderá trazer em seus firmais, anéis, sinetes e divisas; pó-las em suas casas, capelas e mais edifícios, e, finalmente deixa-las sobre sua própria sepultura; pelo que Quero e Sou Servido que haja ele e seus descendentes, todas as honras, privilégios, isenções, liberdades, graças, mercês e franquezas, que devem ter os Fidalgos e Nobres; Nunca podendo os seus sucessores usar deste Brasão, sem que a cada um deles seja novamente por Mim Confirmado. Mando, aos Meus Ministros, Desembargadores, Auditores, Promotores, juízes de Direito do Civil e Crime, e a todas as mais Autoridades Judiciárias do Império e com especialidade aos Meus Reis d’Armas Arautos e Passavantes e a quaisquer outros Oficiais e mais Pessoas, a quem esta Minha Carta for mostrada e o conhecimento dela pertencer, que em tudo lha cumpram e guardem e a façam inteiramente cumprir e guardar, como nela se contém, sem dúvida ou embargo que nela se queira por, visto ser assim Minha Mercê.

O Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, o Mandou por aviso do Ministério do Império datado de onze do corrente mês, a Manuel dos Santos Carramena, Seu Principal Rei d’Armas. Luís Aleixo Boulanger, Escrivão dos Brasões e Armas da nobreza e Fidalguia deste Império, a fez escrever nesta muito Leal e Heróica Corte e Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro aos onze dias do mês de Outubro do Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e setenta e eu Luis Aleixo Boulanger a fiz escrever e subscrevi.

Manuel dos Santos Carramena
Principal Rei d’Armas.

Sobre o leão

Uma nota sobre o desenho do leão no escudo. Há muita discussão sobre o correto desenho do leão, pois o texto diz "leopardo", porém, o desenho é o de um animal com crina, sendo que leopardos não tem crinas. A explicação é por causa de um antigo conjunto de regras heráldicas conhecido por "bestiário" ( leia sobre isso na Wikipedia ). Bestiário é um compêndio de animais ditos "fantásticos" que nada mais é do que animais cruzados com outros fora de sua espécie, e também outros cruzados com humanos. Essa classe de animais ficou conhecida por "bestas", e o conjunto destas se denominou então "bestiário". Muitas destas bestas recebiam nomes não existentes na natureza, como o Grifo, que surgiu do cruzamento da águia com o leão, ou da manticora, com cabeça de homem, corpo de leão, rabo de escorpião e asas de morcegos. Porém, haviam outras bestas que tinham nomes de animais que conhecemos, como o tigre por exemplo, mas o tigre na heráldica não é o mesmo que conhecemos na natureza. É ai que entra o leão, pois em alguns bestiários o leão é tido como uma besta, às vezes referido também como "leão-leopardo", ou "leopardado", e que é na realidade um leão mesmo, mas numa posição específica como se marchando, mas que muitas vezes isso foi confundido com uma cruza entre uma leoa e um leopardo. A questão é que nos tempos antigos, em que as informações eram escassas, causando entendimentos errados muitas vezes, isso tudo resultava em idéias erradas sobre muitos símbolos heráldicos, e é por isso que na heráldica brasileira muitas vezes um leão é chanado de leopardo, mas era desenhado como um leão, com crina. Assim foi o que aconteceu com o desenho do brasão de Osório, desenhado como um leão, mas descrito como um leopardo. O fato é que o brasão de Osório tinha um leão desenhado, e não sabemos se foi um erro de grafia ou um erro de informação, ou se a intenção era ter um "leão leopardado" de fato. A questão é que se desenhou uma coisa, e se descreveu outra, dai a confusão.

Sobre o nosso desenho das Condecorações

Desenhamos as medalhas de todas as condecorações que Osório recebera, inclusive as que não estão descritas na sua Carta de Armas. Como forma artística de representa-las, as medalhas ficaram repousadas sobre duas lanças características referentes a Osório, com ponteiras de prata e bandeirolas coloridas de vermelhas e prata.

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