Philipp I von Hesse
Não é nossa intenção relatar a biografia do Landegrave de Hesse, Philipp I von Hesse.
Apenas queremos constar que essa personalidade foi uma dos mais ricos donos de feudos
medievais do tempo da Alemanha do período da Reforma, que marcou e dividiu o mundo,
religiosa, cultural e politicamente falando. Leia um resum da sua biografia na Wikipédia
em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_I_de_Hesse
Landegrave (em alemão,
"Landgrave")
Landgrave é um nome de título nobiliárquico usado apenas na Alemanha da época
monárquica. Correspondia a um conde dos tempos da Carlos Magno, mas apesar de ser um
título condal, tinha uma abrangência diferente e muito mais poderosa, pois os
landegraves faziam parte da classe da nobreza que tinham a função de
"eleitor", que tinha poderes de eleger ou destronar um imperador.
Heráldica Alemã
Houve um tempo na Europa que a heráldica não era padronizada, nem mesmo dentro de um
mesmo país. A Alemanha tinha heráldica particular, com regras diferenciadas. Vamos
comentar algumas destas regras através do nosso exemplo abaixo:
1 - TIMBRE - I - Um brasão que surgia da
união de outras família, ainda mais se fosse da nobreza, recebia sobre o escudo os
timbres também destas outras família. A razão é que o timbre tinha tanta importância
quanto o desenho do escudo, pois é no timbre que se registrava o grau de nobreza do
antepassado. Sendo assim, o timbre vinha desenhado sobre o referido elmo e coroa
heráldica, quando tinha. É por isso que podemos ver sobre muitos brasões da Alemanha
antiga uma quantidade muito grande de timbres, às vezes até mesmo sete deles. No nosso
exemplo vemos três timbres. Em outro exemplo posterior, já na era moderna, o Arquiduque
de Hesse tinha o brasão com cinco timbres, com seus respectivos elmos.
2 - TIMBRE II - Uma das características
alemãs para estes timbres é que todo timbre que está à direita (esquerdo de quem vê)
tem o elmo e o timbre voltados para o centro. Em alguns outros desenhos heráldicos do
mesmo brasão, todos os animais que ficam no timbre e dentro do escudo ficam voltados para
o centro do brasão, mesmo que em separado todo animal deve ficar voltado para a direita
(esquerdo de quem vê)
3 - TIMBRE III - Outra característica que
mostra a importância do timbre é que ele tem o mesmo tamanho em altura (e às vezes até
mais) que o do tamanho do elmo.
4 - TIMBRE VI - Na época medieval
usava-se figuras heráldicas pouco entendíveis para os nossos dias. Por exemplo:
ASA - significava emprego militar feito com
rapidez. Qualquer militar para ser rápido na época significava que ele era bem
alimentado, tinha tropas boas, bem treinadas e bem motivadas, o que implica em um
exército rico, e assim deduz-se que seu "dono" era uma pessoa muito rica e
poderosa.
BODE MONTÊS - Originalmente tinha conotação
jocosa, porém, na heráldica significava que era alguém corajoso e desbravado, pois esse
bode não era um de campo, mas de montanha rochosa e perigosa, que mostra que é um animal
que não tem medo das alturas, é forte e ainda tem coragem pra enfrentar qualquer inimigo
do seu rebanho naquelas condições íngremes.
ELEFANTE - O elefante foi muito usado nos tempos
romanos de César, e o conceito passou para a heráldica. Era um animal muito rápido para
o emprego militar da época (quase sempre à pé), entrava em qualquer terreno, em terra
ou na água, grande o suficiente para estar acima do inimigo, e forte o suficiente para
esmagar o inimigo e sobreviver por muito mais tempo um dia de batalha. Por padrão os
alemães usam apenas a tromba do elefante.
Outras imagens próprias da heráldica alemã medieval: pena de pavão
(símbolo de riquesa e opulência, mas também da fraqueza pelas vaidades da vida), folha
de Tília pequenas folhas em formato de coração, simbolizando regiões
específicas da Alemanha, estrela (muitas vezes significando famílias
judias), etc.
5 - COROA - No início uma coroa era apenas
um aro de metal para pendurar pedras preciosas, uma espécie de colar de pedrarias que
fica na cabeça ao invés de estar no pescoço. Com o tempo essas peças receberam
padrões, e ainda nem toda pessoa poderia usa-la, a não ser que tivesse permissão, pois
não bastava ter dinheiro para ter uma, era preciso autorização política para viver no
meio da sociedade como um nobre, visualmente falando. As primeiras coroas de nobreza eram
apenas meras tiaras, e depois de padronizou que todo nobre poderia usar uma coroa de ouro
com florões, às vezes intercalados por pérolas. Com o passar das eras, criou-se
desenhos específicos de coroas dependendo do grau de nobreza.
6 - CORES - Na heráldica muito antiga,
ainda sem regulamentação padronizada da arte heráldica, algumas cores fora do padrão
sempre foram usadas, e é o caso do azul claro (também denominado azul mar) usado neste
desenho no escudete que representa a Casa de Hesse (www.pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Hesse
), que nos dias atuais é o símbolo do Estado de Hessen. O azul padrão da heráldica é
o chamado "azul pleno", que é o tom de azul que encontramos na Bandeira
Nacional do Brasil. É bom que se saiba que quando a heráldica nasceu, o uso de cores era
complicado de se aplicar tanto em roupas, em bandeiras, em madeira, em paredes de
alvenaria, etc. Nos dias atuais não há limite nem de tonalidade e nem mesmo de
aplicações. Por isso está surgindo aos poucos a chamada "Heráldica Moderna",
com a aplicação de cores outrora abandonadas por causa das referidas complicações de
uso, tais como o azul claro, o marrom, o laranja, o cinza ferro (cinza bem escuro), o
sanguíneo (vermelho bem escuro), o verde claro, etc.
7 - PADRÃO HERÁLDICO - Nem sempre um
visual de um brasão foi igual. No início todo brasão tinha apenas um escudo, curvado, e
com elmo fechado e totalmente de lado. Depois o elmo recebeu posições diferentes
dependendo do grau de nobreza, e depois recebeu também metais diferentes, ou ferro, ou
prata, ou prata com ouro, ou de ouro puro. |