Atelier Heráldico

Inventando Brasões Familiares

Brasão de Armas de Filipe I de Hesse,
chamado "O Magnânimo",
da Casa Dinástica de Hesse, Alemanha,
13 de Novembro de 1504, em Marburg, a 31 de Março de 1567, em Kassel

Philipp I von Hesse
Não é nossa intenção relatar a biografia do Landegrave de Hesse, Philipp I von Hesse. Apenas queremos constar que essa personalidade foi uma dos mais ricos donos de feudos medievais do tempo da Alemanha do período da Reforma, que marcou e dividiu o mundo, religiosa, cultural e politicamente falando. Leia um resum da sua biografia na Wikipédia em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filipe_I_de_Hesse

Landegrave (em alemão, "Landgrave")
Landgrave é um nome de título nobiliárquico usado apenas na Alemanha da época monárquica. Correspondia a um conde dos tempos da Carlos Magno, mas apesar de ser um título condal, tinha uma abrangência diferente e muito mais poderosa, pois os landegraves faziam parte da classe da nobreza que tinham a função de "eleitor", que tinha poderes de eleger ou destronar um imperador.

Heráldica Alemã
Houve um tempo na Europa que a heráldica não era padronizada, nem mesmo dentro de um mesmo país. A Alemanha tinha heráldica particular, com regras diferenciadas. Vamos comentar algumas destas regras através do nosso exemplo abaixo:

1 - TIMBRE - I - Um brasão que surgia da união de outras família, ainda mais se fosse da nobreza, recebia sobre o escudo os timbres também destas outras família. A razão é que o timbre tinha tanta importância quanto o desenho do escudo, pois é no timbre que se registrava o grau de nobreza do antepassado. Sendo assim, o timbre vinha desenhado sobre o referido elmo e coroa heráldica, quando tinha. É por isso que podemos ver sobre muitos brasões da Alemanha antiga uma quantidade muito grande de timbres, às vezes até mesmo sete deles. No nosso exemplo vemos três timbres. Em outro exemplo posterior, já na era moderna, o Arquiduque de Hesse tinha o brasão com cinco timbres, com seus respectivos elmos.
2 - TIMBRE II - Uma das características alemãs para estes timbres é que todo timbre que está à direita (esquerdo de quem vê) tem o elmo e o timbre voltados para o centro. Em alguns outros desenhos heráldicos do mesmo brasão, todos os animais que ficam no timbre e dentro do escudo ficam voltados para o centro do brasão, mesmo que em separado todo animal deve ficar voltado para a direita (esquerdo de quem vê)
3 - TIMBRE III - Outra característica que mostra a importância do timbre é que ele tem o mesmo tamanho em altura (e às vezes até mais) que o do tamanho do elmo.
4 - TIMBRE VI -  Na época medieval usava-se figuras heráldicas pouco entendíveis para os nossos dias. Por exemplo:
     ASA - significava emprego militar feito com rapidez. Qualquer militar para ser rápido na época significava que ele era bem alimentado, tinha tropas boas, bem treinadas e bem motivadas, o que implica em um exército rico, e assim deduz-se que seu "dono" era uma pessoa muito rica e poderosa.
     BODE MONTÊS - Originalmente tinha conotação jocosa, porém, na heráldica significava que era alguém corajoso e desbravado, pois esse bode não era um de campo, mas de montanha rochosa e perigosa, que mostra que é um animal que não tem medo das alturas, é forte e ainda tem coragem pra enfrentar qualquer inimigo do seu rebanho naquelas condições íngremes.
     ELEFANTE - O elefante foi muito usado nos tempos romanos de César, e o conceito passou para a heráldica. Era um animal muito rápido para o emprego militar da época (quase sempre à pé), entrava em qualquer terreno, em terra ou na água, grande o suficiente para estar acima do inimigo, e forte o suficiente para esmagar o inimigo e sobreviver por muito mais tempo um dia de batalha. Por padrão os alemães usam apenas a tromba do elefante.
     Outras imagens próprias da heráldica alemã medieval: pena de pavão (símbolo de riquesa e opulência, mas também da fraqueza pelas vaidades da vida), folha de Tília pequenas folhas em formato de coração, simbolizando regiões específicas da Alemanha, estrela (muitas vezes significando famílias judias), etc.
5 - COROA - No início uma coroa era apenas um aro de metal para pendurar pedras preciosas, uma espécie de colar de pedrarias que fica na cabeça ao invés de estar no pescoço. Com o tempo essas peças receberam padrões, e ainda nem toda pessoa poderia usa-la, a não ser que tivesse permissão, pois não bastava ter dinheiro para ter uma, era preciso autorização política para viver no meio da sociedade como um nobre, visualmente falando. As primeiras coroas de nobreza eram apenas meras tiaras, e depois de padronizou que todo nobre poderia usar uma coroa de ouro com florões, às vezes intercalados por pérolas. Com o passar das eras, criou-se desenhos específicos de coroas dependendo do grau de nobreza.
6 - CORES - Na heráldica muito antiga, ainda sem regulamentação padronizada da arte heráldica, algumas cores fora do padrão sempre foram usadas, e é o caso do azul claro (também denominado azul mar) usado neste desenho no escudete que representa a Casa de Hesse (www.pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Hesse ), que nos dias atuais é o símbolo do Estado de Hessen. O azul padrão da heráldica é o chamado "azul pleno", que é o tom de azul que encontramos na Bandeira Nacional do Brasil. É bom que se saiba que quando a heráldica nasceu, o uso de cores era complicado de se aplicar tanto em roupas, em bandeiras, em madeira, em paredes de alvenaria, etc. Nos dias atuais não há limite nem de tonalidade e nem mesmo de aplicações. Por isso está surgindo aos poucos a chamada "Heráldica Moderna", com a aplicação de cores outrora abandonadas por causa das referidas complicações de uso, tais como o azul claro, o marrom, o laranja, o cinza ferro (cinza bem escuro), o sanguíneo (vermelho bem escuro), o verde claro, etc.
7 - PADRÃO HERÁLDICO - Nem sempre um visual de um brasão foi igual. No início todo brasão tinha apenas um escudo, curvado, e com elmo fechado e totalmente de lado. Depois o elmo recebeu posições diferentes dependendo do grau de nobreza, e depois recebeu também metais diferentes, ou ferro, ou prata, ou prata com ouro, ou de ouro puro.

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