Atelier Heráldico

Inventando Brasões Familiares

Brasão de Armas de Homenagem e
Carta de Armas, com condecorações, ao
Brigadeiro Antônio de Sampaio

Brasão de Armas para homenagem - Argumento
Na arte heráldica também há formas artísticas para homenagens póstumas na forma de brasões de armas. Parece estranho fazer surgir um brasão de armas de alguém que não está presente para dar seu aval ao tipo de arte que em tese deveria ser sua, porém, a idéia é justamente esta, pois uma homemangem nunca é criada por quem é homenageado, e sim, por quem faz a homenagem. Um brasão póstumo, tecnicamente falando, não é algo oficial, mas ao mesmo tempo também o é. Não é oficial pois em tese um brasão heráldico é uma identidade visual que só quem é brasonado é que poderia decidir sobre o brasão a usar, mas é oficial também, só que apenas para quem faz a homenagem. Foi neste argumento que o Atelier Heráldico criou a presente arte.

O Homenageado - Brigadeiro Antônio de Sampaio
Quase todo mês o Atelier Heráldico apresenta uma arte sobre alguém conhecido para os brasileiros, em especial os brasões de alguns patronos de algumas Armas das forças armadas brasileiras, como o Duque de Caxias, patrono do exército, o Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha e o Marquês do Herval, patrono da Cavalaria.

Todo conhecedor da história biográfica de vultos brasileiros, e principalmente os do meio militar, conhece uma destas personalidades, que nunca teve brasão, e que foi eleito patrono de uma das Armas mais importante do Exército Brasileiro. Tombado em batalha, morreu relativamente jovem em relação aos outros militares patronos. Alguns destes vultos históricos do meio militar chegaram a receber título de nobreza e tiveram brasões, mas infelizmente Sampaio não viveu a tempo para isso.

Por ser patrono da mais antiga Arma do Exército Brasileiro, a Infantaria, e por não ter chegado a ter seu próprio brasão (que merecidamente deveria deveria ter tido), o Atelier Heráldico fez sua homenagem póstuma, criando um brasão de armas baseado na biografia deste vulto histórico brasileiro. Colaborou com os argumentos do projeto da arte do brasão o Dr. Alberto R. Fioravanti, presidente do STACHB, Superior Tribunal de Armas e Consulta Heráldica do Brasil, uma associação de heraldistas fundada em 1952, e responsável pela criação de muitos brasões conhecidos, dentre eles o da cidade do Rio de Janeiro, Capital do RJ.

Carta de Armas
Uma carta de armas é um documento aonde se registram basicamente três informações:
  1. BRASÃO - É o desenho propriamente dito.
  2. DESCRIÇÃO HERÁLDICA - É o texto que descreve o desenho do brasão no linguajar técnico da arte heráldica.
  3. JUSTIFICAÇÃO HERÁLDICA - São as explicações com os argumentos que explicam e justificam o porque do uso de cada símbolo e cor utilizados no brasão.

Este documento pode ser ornamentado, artisticamente dizendo, a gosto do artista, com ilustrações que podem abrilhantar o tema.

Na Carta de Armas que criamos para o Brigadeiro Antônio de Sampaio, fizemos alusão às suas campanhas militares combatidas desde as do Brasil como também as das regiões cisplatinas. Também desenhamos as medalhas de todas as condecorações que ele recebeu, e aqui vale ressaltar que Sampaio foi condecorado em seis ocasiões, mas que em duas delas não foram condecorações novas, mas sim, elevações de graus.

  1. "Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul", com última elevação de grau para Oficial;
  2. "Imperial Ordem da Rosa", com última elevação de grau para Comendador;
  3. "Imperial Ordem Militar de Avis", grau Cavaleiro;
  4. "Medalha da Campanha do Uruguai e Buenos Aires",
    também conhecida como "Medalha de Monte Caseros", de prata.

DESCRIÇÃO HERÁLDICA

Escudo português cortado. O primeiro com as armas dos Saldanhas, que são: esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro, com uma águia estendida de vermelho, armada de negro; o segundo e o terceiro xadrezado de ouro e de azul, de quatro peças em faixa e quatro em pala; bordadura de vermelho, carregada de oito fusis de cadeia, abertos, de prata (em forma de “S”); partido de ouro, com uma asna de negro acompanhada de três estrelas de goles. O segundo do cortado com uma carabina belga “Minié” ao natural, e uma espada ao natural, passados em aspa, sobrepostas por uma pata de leopardo de ouro, posta em pala, empunhando uma granada de sable flamejante de ouro. Elmo de prata forrado de vermelho com virol e paquifes de ouro e vermelho. Como timbre um leopardo passante empunhando uma espada, tudo de ouro, com as três estrelas do escudo na espátula. Sob o escudo um listel de verde, orlado de ouro, com a divisa “VALOR IMENSO, NO INTENSO, DA LUTA” com letras do mesmo.

JUSTIFICAÇÃO HERÁLDICA

1 - O primeiro partido do primeiro cortado representada a ancestralidade genealógica lusitana de Antônio de Sampaio.
2 - No segundo partido o ouro representa a nobreza de caráter de Sampaio, tanto como pai, quanto também como marido, e principalmente como militar a serviço da pátria brasileira. A asna tem um simbolismo muito antigo, que nos tempos mevievais representava que o cavaleiro que tinha essa peça no seu brasão de armas havia sido ferido em batalha nos seus membros de locomoção. No seu derradeiro e último dia de lutas, bem no dia do seu aniversário, 24 de Maio de 1866, na Guerra do Paraguai, precisamente na Batalha de Tuiuti, Sampaio recebeu três graves ferimentos por estilhaços de granada, uma na coxa direita e as outras duas nas costas, e veio a falecer em 6 de Julho de 1866. As três estrelas vermelhas representam estes ferimentos, as mesmas que também são simbolizadas na medalha “Sangue do Brasil”, instituída pelo Exército Brasileiro para honrar os militares brasileiros que se feriram no campo de batalha na segunda guerra mundial. A cor negra da asna representa a sabedoria, a fortaleza e a constância, e ao mesmo tempo também a dor e a aflição, uma característica particular desta cor que na arte heráldica é tão ilustrativa para com o histórico e bravo final do ilustre Brigadeiro Sampaio.
3 - O segundo cortado representa o estilo e carreira militar de Sampaio, além de caracterizar a própria Arma da Infantaria, simbolizada pelas mais representativas peças de armamento dos tempos das guerras em que atuou. Foi na infantaria que Sampaio ficou conhecido, com a qual lutou com maestria e aonde galgou postos até seus últimos dias de vida. A carabina belga “Minié” simboliza os postos que Sampaio galgou desde os tempos de soldado até sargento. A espada representa seu período de oficialato . A granada de mão é outra importrante peça de armamento da infantaria, e é empunhada por uma pata de ouro de leopardo, animal muito representativo na heráldica militar tanto mundial quanto brasileira, por simbolizar força, magnanimidade, valentia, valor e esforço.
4 - O elmo é a principal peça heráldica que representa o militar, e acima de tudo o nobre de caráter, pois assim eram conhecidam as antigas e medievais ordens de cavalaria.
5 - O leopardo empunhando uma espada e com três estrelas vermelhas na sua espátula, repousa sobre o elmo como timbre, e simboliza o militar Sampaio e também suas feridas fatais.
6 - Sob o escudo, como divisa, a frase “VALOR IMENSO, NO INTENSO, DA LUTA” é uma das linhas da música “Canção da Infantaria”, e caracteriza a forma como o infante desempenha com galhardia seu dever militar.

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